sexta-feira, 2 de abril de 2010

Gostei

Por oposição ao estilo clássico, Thomas e Turner dão como exemplo o estilo de autores como Michel Foucault, e facilmente detectável nos impostores analisados por Sokal e Bricmont. Neste caso, temos um pressuposto oculto que trabalha continuamente nas entrelinhas do texto — o pressuposto de que só depois de muito esforço poderá o leitor compreender o que o seu autor, que é epistemicamente superior, quer dizer. Trata-se de um estilo que está antes de mais preocupado em evidenciar a superioridade epistémica do seu próprio autor. O texto incide apenas tangencialmente sobre a realidade pública, usando-a na verdade como instrumento de engrandecimento do autor; o que interessa não é a realidade pública, mas o olhar do autor sobre essa realidade. E não interessa se esse olhar é razoável, iluminante ou defensável. Tudo o que interessa é que seja sonante e luxuoso, difícil e deslumbrante, para exibir assim a superioridade epistémica do autor. A realidade, para a qual Orwell está sempre a chamar a atenção, é tão desprezível para tais autores como para Graham Greene: o Eu e a subjectividade sobrepõem-se a tudo.

Orwell mostra que este tipo de estilo literário está ao serviço da manipulação política e psicológica, do controlo de mentalidades e do totalitarismo. Uma das tretas do nosso tempo é a proliferação de intelectuais que se dizem libertários mas que de facto são totalitaristas sem estado.

Aqui.

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