sábado, 31 de outubro de 2009

E eu a dar-lhe


Lippmann dixit

It does not matter whether the right to govern is hereditary or obtained with the consent of the governed. A State is absolute in the sense which I have in mind when it claims the right to a monopoly of all the force within the community, to make war, to make peace, to conscript life, to tax, to establish and dis-establish property, to define crime, to punish disobedience, to control education, to supervise the family, to regulate personal habits, and to censor opinions. The modern State claims all of these powers, and, in the matter of theory, there is no real difference in the size of the claim between communists, fascists, and democrats.

Não vi, mas vou ver

Media Studies I


The Myth of the Liberal Media

SawTomorrow | Vídeo do MySpace


Noutro sítio teci alguns comentários a uma parte deste documentário. No futuro tenciono escrever textos mais completos sobre este tema, mas por hoje fica só isto.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Um dia virá a luz


Escrevi isto noutro sítio, mas como não o publiquei lá faço-o aqui

Ainda sobre o nobelizado Obama escrevi isto noutro lado como resposta a este texto:

"A única coisa que não foi dita é a óbvia: as pessoas dão uma grande importância aos prémios Nobel. Discutem-nos como se fossem prémios atribuídos por toda a raça humana. Quando se desiludem com uma escolha, sentem-se traídos. Dá sempre a ideia que há uma raivinha de não terem sido consultados.
Os prémios Nobel são prémios como outros quaisquer. (...) Só porque dão mais dinheiro do que outros - dinheiro que cresceu graças à invenção da dinamite, esse poderoso químico da paz -, não quer dizer que sejam mais importantes. É um prémio concedido por cinco gajos e gajas que não conhecemos de parte nenhuma, nomeados pelo Parlamento norueguês. Toda a gente adora a Noruega, mas calma aí no alvoroço. São cinco incumbidos, coitados. E todos os anos fazem o melhor que podem.

Deixem-nos estar. Reagir como se esses cinco louros representassem a humanidade é representar mal a humanidade. Todos os prémios Nobel são prémios tão banais como os outros prémios. Que lindo seria se só pudéssemos ler os escritores que ganharam o prémio Nobel ou o da Dyrup, se tiver um
.
"

Já os Monty Python disseram e muito bem num sketch o que é um argument e como se deve proceder ao longo de um para de facto estarmos num argument. Já algumas vezes também aqui falei de algumas falácias que se podem cometer aquando de um argumento. Falácias que se podem cometer de modo involuntário porque de facto pensamos que o que vamos dizer é relevante e relacionado com o assunto em mão, ou falácias consciente que cometemos com vista a confundir a outra pessoa e/ou ganhar a discussão.

Uma boa maneira de alcançarmos esse objectivo é atacarmos quem tem uma posição em vez da posição (ad hominem). Dessa forma levamos subtilmente a discussão para outro nível e o que deveria de facto ser discutido deixa de o ser. Outra maneira também muito frequente de incorrermos em falácias é escorregarmos na negação do antecedente ou na afirmação do consequente. Aqui o que se passa é que de facto não compreendemos que se está a discutir um argumento condicional e assim tomámos conclusões absurdas. Por exemplo: Está numa esquina a espera do Juan e a única coisa que sabe do Juan é que ele fala espanhol. Ou seja o argumento condicional é: Se for o Juan fala espanhol. Admitamos que alguém se chega ao pé de si e pergunta-lhe as horas em espanhol. O que pode concluir? Se respondeu Juan acabou de cair na falácia da afirmação do consequente. Uma vez que nunca se disse que o Juan é a única pessoa que fala espanhol não se pode concluir absolutamente nada naquela situação.


Outra forma de incorrermos num argumento falacioso é o chamado straw man argument. Neste caso o que se faz é imputar uma posição ao nosso adversário (perdoem a terminologia) que não é a dele e depois argumentarmos contra isso.
Por exemplo dizer que quem discute a atribuição do Nobel da paz é fazê-lo como quem discute um prémio que representa toda a raça humana é extremamente falacioso. O pior é que também é extremamente eficaz. Dessa forma o objecto sobre o qual se queria argumentar foi totalmente alterado. Se alguém de facto dissesse que o Nobel representa a opinião de toda a humanidade estava errado. O que o prémio Nobel representa (ou pelo menos deveria representar) é o que está expresso no testamento da pessoa que definiu o que é o prémio Nobel: o senhor Nobel.
vamos então ler o que o senhor tem a dizer: "and one part to the person who shall have done the most or the best work for fraternity between nations, for the abolition or reduction of standing armies and for the holding and promotion of peace congresses."
E é segundo este parâmetro que a discussão tem sido feita. Pelo menos da minha parte e da maior parte das pessoas que li. Nunca ninguém disse que o Nobel deve ser representativo da opinião geral da humanidade (seja lá o que isso for), mas parece ser bastante sensato que deveria respeitar a vontade da pessoa que o criou. Se Nobel quisesse premiar o macaco mais energético do mundo e dissesse que o vencedor de tal prémio tinha ganho o Nobel da Paz estava no seu perfeito direito. Mas não foi isso que ele disse. Ele deixou condições bem específicas para a atribuição do dito prémio e muitas vezes elas não foram respeitadas. Começa com o Wilson e depois temos o caso do Kissinger cuja conduta é o total oposto do que está expressamente escrito no testamento do Nobel.
Outra coisa também a considerar é que o prazo de candidatura para o Nobel da Paz era até 01 de Fevereiro. Alguém me pode dizer o que fez Obama até 01 de Fevereiro pela paz mundial? E se calhar devemos também esquecer o facto das três guerras que o Obama está a travar? Se calhar devemos esquecer o facto de um recente relatório que denunciava as atrocidades cometidas em Gaza aquando da última investida ter sido abafado pelo governos dos EUA? Se calhar devemos esquecer o apoio de Obama à Uribe e dos seus esquadrões da morte?

E depois temos mais no que citou o binary com o qual eu tenho vários problemas: "dinheiro que cresceu graças à invenção da dinamite, esse poderoso químico da paz". Aqui parece que o autor parece indicar uma condição antitética entre a dinamite (que hoje em dia é logo associado com guerra e destruição) e o Nobel da Paz. Mas meu caro o problema com isto é que até o Nobel morrer a dinamite não havia sido utilizada para fins bélicos. E depois mesmo que tivesse sido utilizado: o que é que uma coisa tinha a ver com a outra? Em termos formais temos aqui o exemplo de mais uma falácia. Mais uma vez estamos a dirigir a atenção para algo que não está na discussão e que tem a aparência de ser relevante, mas de facto não o é.

"E todos os anos fazem o melhor que podem" Estou disposto a apostar que o autor não faz a menor ideia se isso é verdade ou não. Uma afirmação categórica precisa sempre de ser comprovada aquando de um argumento. Quando muito isto cai na esfera do wishful thinking e como tal a relevância para a discussão é nula.

"Que lindo seria se só pudéssemos ler os escritores que ganharam o prémio Nobel ou o da Dyrup, se tiver um"
Mas alguma vez alguém disse isso? Alguma vez alguém que criticou o facto do Obama ter ganho o Nobel disse isso ou algo que pudesse levar a isso? Não! Nunca em tempo algum. Mais uma vez um tipo de straw man e como tal relevância zero para o assunto em questão.

O que interessam os factos se tudo o que queremos é uma boa historieta

Um dia como todos os outros: comboio, pegar num Destak, ler o Destak, chegar à coluna de opinião e ficar zangado para o resto do dia...

Um dia como todos os outros basicamente...

Cá está o texto que li:

"A atribuição dos Prémios Nobel pela Real Academia Sueca das Ciências tornou-se um acontecimento central da aldeia global. Há muito tempo que a Academia Sueca sabe que os seus prémios não se dirigem ao passado, mas têm um impacto notável na visibilidade dos galardoados e na aceitação das suas mensagens. Foi assim que a atribuição do prémio a Ramos Horta e Ximenes Belo, não só reconheceu a sua luta, mas influenciou decisivamente o nascimento da primeira nação do século XXI e terminou com um possível genocídio do povo de Timor.
Este ano, houve quem criticasse a "precoce" atribuição do prémio da paz a Barack Obama. Curiosamente, os críticos vieram das fileiras dos saudosos da beligerância de direita de Bush, ou dos beligerantes teóricos da esquerda radical. Talvez ignorem que a eleição de Obama restituiu a dignidade à humanidade não branca e sem olhos azuis. E também não repararam que todo o percurso de Obama se baseou no estabelecimento de pontes e contactos não beligerantes.
Pouco se falou do Prémio Nobel da Economia, que pode ser mais significativo. A Elionor Ostrom, foi-lhe reconhecido o seu trabalho sobre a administração de empresas cooperativas. Oliver Williamson notabilizou-se pelo estudo das transacções contratuais e negociais nas margens de empresas de carácter diverso. Ambos trabalharam sobre economias alternativas fora dos mercados convencionais. Se algum prenúncio existir, ele tem a ver com o fim do absolutismo do mercado e das teorias económicas predadoras."

Depois de tão alegre leitura vamos lá a dissecar o que cá está escrito e ver se se conforma aos factos. Sabem, é que eu sou um homem muito chato. Não sou de opiniões, não sou de palpites e não sou de pressentimentos. Sou de factos e de análise de factos. Uma raridade!
[disclaimer] Obviamente que estou a sobresimplificar! [/disclaimer]

Primeira asserção digna de análise: "Há muito tempo que a Academia Sueca sabe que os seus prémios não se dirigem ao passado, mas têm um impacto notável na visibilidade dos galardoados e na aceitação das suas mensagens." Começo por criticar a expressão "há muito tempo" devido ao carácter vago (e repare que vago é muito parecido com vácuo) da mesma. O que será muito tempo? Dez anos? Vinte anos? Trinta Anos? Não sei mas vou tentar adivinhar.
A história (estória?) dos prémios Nobel começa em 1901 com os prémios de Física, Química, Medicina, Literatura, e Paz. O dito prémio Nobel da economia começou a ser atribuído em 1969.
O prémio que nos interessa, o da Paz, já tem uma história de 108 anos e penso que podemos dizer que muito tempo será algo como 40 anos. Pouco menos de metade do tempo de vida do prémio. Por outro, a economia só tem galardoados desde há quarenta anos e vamos tomar todo o tempo de vida deste Nobel para por a asserção tão audaz do autor de tão eloquente prosa à prova.

Em Física

Em Química

Em Medicina

Em Literatura
Acho que aqui uma lista não é precisa. Uma vez que qualquer pessoa percebe que prémios Nobel de Literatura não fazem sentido nenhum se tencionam homenagear promessas

Na Paz

Em Economia

1969 R. Frisch och J. Tinbergen
1970 P. A. Samuelson
1971 S. Kuznets
1972 J.R. Hicks and K.J. Arrow
1973 W. Leontief
1974 G. Myrdal och F.A. von Hayek
1975 L.V. Kantorovich och T.C. Koopmans
1976 M. Friedman
1977 B. Ohlin and J.E. Meade
1978 H.A. Simon
1979 T.W. Schultz and A. Lewis
1980 L.R. Klein
1981 J. Tobin
1982 G.J. Stigler
1983 G. Debreu
1984 R. Stone
1985 F. Modigliani
1986 J.M. Buchanan Jr
1987 R.M. Solow
1988 M. Allais
1989 T. Haavelmo
1990 H.M. Markowitz, M.H. Miller and W.F. Sharpe
1991 R.H. Coase
1992 G.S. Becker
1993 R.W. Fogel and D.C. North
1994 J.C. Harsanyi, J.F. Nash Jr och R. Selten
1995 R.E. Lucas, Jr.
1996 J.A. Mirrlees and W. Vickrey
1997 R.C. Merton and M.S. Scholes
1998 A. Sen
1999 R.A. Mundell
2000 J.J. Heckman and D.L. McFadden
2001 G.A. Akerlof, A.M. Spence and J.E. Stiglitz
2002 D. Kahneman and V. L. Smith
2003 R.F. Engle and C.W.J. Granger
2004 Finn E. Kydland and Edward C. Prescott
2005 Robert J. Aumann and Thomas C. Schelling
2006 Edmund S. Phelps
2007 Leonid Hurwicz, Eric S. Maskin och Roger B. Myerson
2008 Paul Krugman
2009 Elinor Ostrom, Oliver Williamson

Se olharmos para todos este laureados vemos que a diferença temporal entre o trabalho feito e o reconhecimento da sua importância através da atribuição de um prémio Nobel em nada indica que a Academia saiba que os seus prémios não se dirijam ao passado. Sim é certo que temos alguns vencedores em que tal não acontece mas a média de reconhecimento ronda os 20 anos de intervalo de tempo.
Ou seja acabamos de refutar uma asserção simpática por parte do autor com aquela coisa estranha que se chamam factos.

Depois temos isto: "Curiosamente, os críticos vieram das fileiras dos saudosos da beligerância de direita de Bush, ou dos beligerantes teóricos da esquerda radical" uma vez que não sou nenhum saudosista da beligerância de Bush devo ser um beligerante teórico de esquerda radical.
A palavra radical deriva de radix, palavra latina que siginifica raíz. Assim sendo vejo que aquele rótulo que ganhei de facto não está mal aplicado. Uma vez que a base do meu criticismo é a raiz dos prémios Nobel: o testamento do senhor Alfred:

"The whole of my remaining realizable estate shall be dealt with in the following way:

The capital shall be invested by my executors in safe securities and shall constitute a fund, the interest on which shall be annually distributed in the form of prizes to those who, during the preceding year, shall have conferred the greatest benefit on mankind. The said interest shall be divided into five equal parts, which shall be apportioned as follows: one part to the person who shall have made the most important discovery or invention within the field of physics; one part to the person who shall have made the most important chemical discovery or improvement; one part to the person who shall have made the most important discovery within the domain of physiology or medicine; one part to the person who shall have produced in the field of literature the most outstanding work of an idealistic tendency; and one part to the person who shall have done the most or the best work for fraternity among nations, for the abolition or reduction of standing armies and for the holding and promotion of peace congresses.
The prizes for physics and chemistry shall be awarded by the Swedish Academy of Sciences; that for physiological or medical works by Karolinska Institutet in Stockholm; that for literature by the Academy in Stockholm; and that for champions of peace by a committee of five persons to be elected by the Norwegian Storting. It is my expressed wish that in awarding the prizes no consideration whatever shall be given to the nationality of the candidates, so that the most worthy shall receive the prize, whether he be Scandinavian or not."
Devo ser muito ceguinho, ou muito estúpido (quiçá as duas coisas), mas não vejo nenhuma referência no texto do senhor que origina os prémios Nobel a promessas. Vejo sim muitas referências à acções concretas e a resultados. E pasme-se!, é nisto que baseio a minha  crítica de radical beligerante de esquerda. A palavra do homem que criou os prémios e ditou as condições para eles serem atribuídos sem a menor ponta de ambiguidade.
 Já ouço alguém a dizer: "Sinceramente dweebydoofus, tu já disseste muita coisa estúpida, mas esta realmente ultrapassa tudo. Então querias tu que um prémio criado por uma pessoa respeitasse as condições que essa pessoa estipulou para a sua atribuição?! Mas que grande acéfalo que me saíste!"

E depois temos esta pérolazita: "Talvez ignorem que a eleição de Obama restituiu a dignidade à humanidade não branca e sem olhos azuis."
Ai restituiu?! Em primeiro lugar não sabia que a tinhamos perdido, mas agradeço de todo o coração a sua informação, e depois queria saber como é que uma equipa racialmente menos diversa que a organização Bush restitui a dignidade à humanidade não branca e sem olhos azuis.
Mas que grande anormalidade de se dizer ó Pio Abreu! Por todos os motivos e mais alguns. Da próxima vez feche a boca, olhe para os factos, e depois sim abra a boca. É que assim pode ser que não saia tanta merda!

"E também não repararam que todo o percurso de Obama se baseou no estabelecimento de pontes e contactos não beligerantes."
Pronto! Aqui é que a loiça se parte toda.
Uma vez lá vem a minha chatice: os factos e a análise dos factos. Obama continua a apoiar o governo de Uribe (e consequentemente os seus esquadrões de morte). O Pio Abreu devia ver fotos de alguns camponeses esquartejados para se dar conta das pontes estabelecidas e dos tais contactos não beligerantes. É que apoiar financeira e logisticamente governos homicidas (e a informação das torturas, desaparecimentos, e mortes não é nada difícil de encontrar) é ser homicida também.
Outra sugestão que faço é que o Pio Abreu vá assistir a um casamento no Afeganistão. Pode ser que leve com uns tantos rockets e depois veja os tais contactos não beligerantes.
Ou ainda que vá viver para Gaza durante uns tempos. Apoiar governos que causam destruição e crimes contra a humanidade, e depois ainda proíbe acesso de medicamentos, água, cimento para a reconstrução de edifícios também parece ser o tal estabelicimento de pontes.

Tenha vergonha na cara e na próxima vez em vez de dizer tanto disparete, faça um favor a todos nós: vá comer um cagalhão.

Se por acaso notarem muito mau humor nos meus posts vindouros aqui fica o porquê

Com vontade de realmente conhecer o bicho decidi ler isto:





Wish me luck!

Kristol Dixit

"What rules the world is idea, because ideas define the way reality is perceived"

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Deixou-me os olhos marejados



Que esse salto seja para a liberdade e auto-determinação.

Resto das fotos aqui.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Realmente...


domingo, 25 de outubro de 2009

E quando assim é devem ser corrigidos!


Será isto um exemplo de duplo padrão da minha parte?

Fiquei a saber que no Corão existem mais  de 3600 (60% de aproximadamente 6000) versículos relacionados com guerra. Não sei porquê mas isto parece-me muito exagerado. Seja como for, o Zézito esqueceu-se de dizer que Maomé condena sempre a guerra quando esta não é feita em auto-defesa. Quando é feita em auto-defesa Maomé exorta as mais variadas e cruéis técnicas, mas sempre no contexto de auto-defesa:
"And fight in the way of Allah against those who fight against you but be not aggressive. Surely Allah loves not the aggressors"

"But if they repent and keep up prayer and pay the poor-rate, leave their way free. Surely Allah is Forgiving, Merciful."

E só para que conste a Al-Qaeda não existe enquanto uma organização: "Al Qaeda is not an organization. Al Qaeda is a way of working ... but this has the hallmark of that approach."

If “Al Qaeda” was such an organized group terrorists as we are being told then why weren’t we the people notified of this evil threat when the US Cole was bombed a few months before 9-11? “Al Qaeda” is nothing more than a broad euphemistic umbrella classification used to group any Middle Eastern fighter under the Sun as an enemy.



















E claro que recomendo as outras duas partes deste documentário:



Quem tem medo do Irão

Pelos vistos Kennedy não tinha.

"Most students of the 1979 Iranian Revolution concede that this seeming "fundamentalist Islamic, Death-to-the-USA Revolution" was in reality a British-led (i.e., BP and BBC) covert op, with ample support, backup and logistics provided by the unwittingly American taxpayer compliments of the CIA and NSC Director Zbigniew Brzezinski. Broadly speaking, the goals of the covert op were to:

  1. Renegotiate BP's concessions to the Persian oil fields on "friendly" terms (the concessions were up for renewal in 1978).
  2. Keep Iran from developing its own technological base, especially in the area of nuclear power.
  3. Provide price-support for a sagging U.S. dollar by precipitating another "oil embargo" crisis a-la 1973 (thereby inflating global demand for otherwise worthless U.S. Federal Reserve Notes)."

Omnia mutantur!

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.



E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.



Elementar meu caro Leitor

"Logic is not everything. But it is something—something which can be taught, something which can be learned, something which can help us in some degree to think more sensibly about the dangerous world in which we live."

John Gray outra vez

Deixo aqui um ensaio e uma entrevista a John Gray. Da minha parte só tenho a dizer que o homem é um tolo de todo o tamanho

Through the Looking Glass
Uma entrevista com Laurie Taylor

O senhor Gray adora cometer a falácia straw man.

sábado, 24 de outubro de 2009

Que tal um pouco de coerência


Nunca me irritei tanto a ler um livro

A pedido de um amigo estou a ler Black Mass de John Gray. And by golly! nunca um livro me chateou e irritou tanto. Mas que grande desilusão que isto está a ser. Quando o homem não está a atropelar factos e a apresentar a sua versão da história está a dizer trivialidades como se fossem uma qualquer revelação de proporções nunca antes vistas.

A pessoa que me emprestou o livro disse para não ler os dois primeiro capítulos que só me ia chatear, mas que passasse logo para o terceiro capítulo que havia de gostar da análise política feita pelo senhor.
Realmente o livro melhorou bastante a partir do terceiro capítulo: em vez dos habituais dois/três disparates por página agora já só aparece um disparate a cada duas/três páginas.
Às tantas decidi ler este livro pelo o que ele de facto é: uma sátira! A sério que este livro só pode ser uma sátira. Acho que ninguém escreveria tanto disparate junto a pensar que aquilo tem alguma relação com o mundo real.
Agora já estou melhor e não estou constantemente a torcer-me com o que leio. Mas deparei-me com algo que primeiro me enfureceu, mas que depois até me fez rir: "...when in one of its noblest acts America entered the Second World War - a decision that was eventually taken in stoical recognition of a grim job that had to be done rather than any expectation of a much better world."
Meu caro John Gray eu não sei o que andas a tomar, mas desde já te digo que deve bater comó caralho! Muito podia dizer sobre o noblíssimo acto que só foi tomado como reconhecimento de um trabalho que tinha de ser feito, mas ao invés deixo uma sugestão de leitura para que possam compreender alguns dos motivos que levaram a América entrar na Segunda Grande Guerra (e não só): A Century of War: Lincoln, Wilson and Roosevelt.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A minha visão sobre o caso Saramago

Antes de mais devo dizer que vi o debate e o que agora vou escrever é em parte relacionado com o que ouvi mas a maior parte já o havia pensado antes e já o tinha discutido com pessoas nestes dias.

Em primeiro lugar vou só dizer que a maior parte das reacções das pessoas é totalmente infantil e penso mesmo que paradoxal. Partindo do princípio que elas acreditam na liberdade de expressão essas pessoas têm que saber que liberdade de expressão não serve só para dizermos e ouvirmos ideias com as quais concordamos. Isso é formatação, homogeneidade, mas de certeza absoluta que não é liberdade de expressão. Por isso é que há pessoas hoje em dia a dizer que no tempo de Salazar havia liberdade. Pois claro que havia: era a liberdade de papeguear o que se dizia que se devia papaguear. E como havia pessoas que de facto faziam isso acham-se muito livres naquela altura. Adiante...

Em segundo lugar devo dizer que gostei muito da postura de ambos os intervenientes, mas obviamente que não gostei mesmo nada do tempo dado para o debate. Acho a questão levantada pertinente, mas mais pertinente ainda é a troca de ideias que poderia resultar muito bem. Seja como for, foi o que temos e há que apontar a extrema simpatia com que ambos se trataram (só tenho tempo que tantos dos raciocínios do padre tenham sido cortados a meio).
Também há que indicar um comentário feito pelo Mário Crespo que me pareceu muito pertinente: A reacção negativa que tem surgido parece que se deve mais ao que disse Saramago do que propriamente pelo que escreveu Saramago.
Outra coisa que me parece relevante é o respeito com que o padre tratou Saramago ao longo de todo o debate ao contrário de muitos sabichões que para além de dizer que Saramago estava mal nunca disseram porquê. Isto de discutir ideias raramente é uma raridade pelo que vejo.

Agora devo dizer que algo que o padre disse me fez muita confusão. Segundo me pareceu ele afirmou várias vezes (ainda que nenhuma das vezes de forma explícita) que a Bíblia não é a palavra de Deus. A vez que me pareceu a mais clara (não confundir com explícita) foi a explicação que ele deu para Job. Pelo que sei muita gente da igreja católica não vai por esta visão e diz que a Bíblia é a palavra de Deus.
É que de acordo com a posição que me pareceu ser a do padre este debate perde muito do seu valor. Se a Bíblia não é a palavra de Deus não se pode deduzir nada acerca da Natureza de Deus da sua leitura. E não se pode mesmo.

E sobre o debate é mais ou menos isto que tenho a dizer.

Agora para as minhas ideias sobre a Bíblia que já tinha antes disto acontecer e já tinha discutido com algumas pessoas e agora com isto tudo voltei a discutir.
Como termo de comparação vou utilizar esta notícia cedida pela lusa em que estão algumas das declarações de Saramago.

Agora seguem-se alguns excertos e comentários da minha parte:

“Todo este alvoroço não se levantou por causa do livro”, explicou, “mas por causa de palavras que eu disse em Penafiel. Mas a verdade é que na Bíblia há incestos, violência de todo o tipo, carnificinas, etc. É uma verdade inquestionável”
Sim de facto é uma verdade inquestionável que todo este tipo de situações está descrita na Bíblia. Pelo que li e ouvi de Saramago parece-me que o que ele disse foi só isso: que na Bíblia há descrição de inúmeras atrocidades. E se por esse mundo fora alguma pessoa se afronta com isso muito sinceramente não sei o que dizer. Só posso sugerir uma leitura da Bíblia e não precisa mais que 20 minutos para se deparar com essas situações.
Agora uma coisa que Saramago nunca disse é que para além de descrição de violência a Bíblia também contém a exortação e a glorificação da violência. Novamente se alguém se choca com isto só posso recomendar uma leitura atenta da Bíblia e nem sequer tem que ser muito atenta.

“Não haveria este romance se o episódio de Caim e Abel não estivesse na Bíblia onde mostra a crueldade de Deus. Um Deus rancoroso, vingativo e má pessoa. Não há que ter confiança no Deus da Bíblia”
Aqui Saramago erra. Deus a existir não pode ser má pessoa nem nós podemos saber se podemos avaliar Deus segundo os nossos padrões morais.

"Quando escrevi o livro, não sou ingénuo, sabia que ia agitar algumas águas. O que eu não esperava era isto. Não esperava reacção dos católicos porque os católicos não lêem a Bíblia. As próprias sondagens o dizem. Pensava que os católicos deixassem passar, que isto não era com eles. E neste caso isso foi a grande surpresa, em alguns aspectos lamentável mas noutros positiva, porque mostra que Portugal ainda é capaz de se mexer para protestar e criticar e isso é saudável”
Aqui acho que há que louvar o desportivismo de Saramago que exorta as pessoas a criticar. Mas temos que ficar enternecidos com a ingenuidade de Saramago. Meu caro
(sim porque o Saramago está mesmo a ler o que eu escrevo) é exactamente por as pessoas não lerem a Bíblia que comentam e ficam ultrajados como ficaram (basta comparar a reacção que teve o padre durante o debate com o que se tem podido ler e ouvir nos media sobre esta questão). Quem não lê a Bíblia é que a vai defender com unhas e dentes. Quem leu a Bíblia tem a reacção que teve o padre. De tentativa de diálogo e de explicar a sua posição. Quem não leu a Bíblia pensa que sabe o que lá está porque houve outras pessoas que também não leram a Bíblia a falar sobre o que lá está e repete o que ouve sem qualquer sentido crítico.
Quem de facto lê a Bíblia sabe que ao contrário do que se diz a descrição de violência não é exclusiva do Antigo Testamento. Quem de facto lê a Bíblia sabe que a exortação da violência, que a glorificação da violência não são exclusivas do Antigo Testamento. Quem de facto lê a Bíblia sabe que da boca (que nos dizem ser) de Jesus Cristo saem palavras que nada têm de conciliatórias nem são sobre o amor.
Se duvidam apenas posso pedir que leiam o novo testamento e depois cá voltem para uma discussão.

Para suportar estas afirmações minhas vou só deixar alguns extractos da Bíblia que segundo me parece confirmam aquilo que disse juntamente com comentários meus.

Vou começar com dois dos Dez Mandamentos cujo texto retiro daqui:

Eu sou YHWH, teu Deus [Elo.hím], que te fiz sair da terra do Egito, da casa dos escravos. Não terás outros deuses em desafio a Mim [o Deus de Abraão]. Não farás imagem esculpida [em hebraico péshel], referindo-se a ídolos, nem semelhança alguma do que há em cima nos ceús, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não adora-las-á, nem prestar-lhes-á culto, por que eu, YHWH, teu Deus, sou Deus zeloso ["Deus que exige devoção exclusiva" ou "Deus ciumento"; em hebraico El qan.ná e em grego Theós zelotes], e que puno o erro dos pais nos filhos até sobre a terceira geração e sobre a quarta geração dos que me odeiam, mas que uso de benevolência para com até a milésima geração dos que me amam e que guardam os meus mandamentos.
Primeiro que tudo gostaria de saber o que sente a igreja católica sobre a parte de se não fazer imagens esculpidas que serão idolatradas. Depois queria apontar a natureza claramente parcial de Deus. Por último deixo esta questão: Imaginemos que o Bernardo é um homem de bem e ama Deus e guarda todos os seus mandamentos. Assim sendo toda a descendência de Bernardo até a milésima geração será tratada com benevolência. Mas Bernardo tem um filho chamado Miguel que em nada honra Deus. Assim sendo até à sua quarta geração a descendência de Miguel deve ser punida. Se Miguel tiver um filho qual será o tratamento que deus lhe reserva?

Não cobiçarás [em hebraico, lo thahh.módh] a casa do teu próximo, nem a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu touro, nem seu jumento, nem qualquer coisa que pertença ao teu próximo..
Ou seja o que é errado é cobiçar o escravo do próximo (algumas versões utilizam a palavra servo, mas não me parece que é necessário ser-se teólogo para perceber que servo não tem a acepção que hoje lhe damos) e não o facto do próximo ter escravo.

Daqui saltamos para o Novo Testamento e gostaria imenso que alguém me explicasse o que quer Jesus dizer com isto:
“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”
O que é isto? É chantagem? É uma ameaça? É um simples aviso? Mas mais importante que isto: Afinal a alma é imortal ou não?

"Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada. Porque vim separar o filho do seu pai, a filha da sua mãe e a nora da sua sogra; de tal modo que os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem amar o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem amar o filho ou filha mais do que a mim, não é digno de mim. Quem não tomar a sua cruz para me seguir, não é digno de mim."
Ou seja, temos Jesus a negar que veio em paz. A afirmar que vem para trazer uma espada (por favor poupem-me à interpretação da espada como sendo simbólica) e que vem para separar famílias. Se não soubesse quem diz isto eu diria que sai da boca do anti-Cristo.

"Então chegaram a Jesus uns fariseus e escribas vindos de Jerusalém, e lhe perguntaram: Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos, quando comem. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Pois Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e, Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá. Mas vós dizeis: Qualquer que disser a seu pai ou a sua mãe: O que poderias aproveitar de mim é oferta ao Senhor; esse de modo algum terá de honrar a seu pai. E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus. Hipócritas!"
Os fariseus censuram Jesus devido ao facto de os seus discípulos comerem de mãos sujas e vemos Cristo a censurar os fariseus porque este não matam as crianças que desonram os pais. E quero só dizer que para uma criança desonrar basta que esta seja desobediente. Novamente não me parece que este seja o Cristo redentor e amigo de todos que nos é apresentado.

A meu ver em vez de escrever sobre o Corão num próximo livro, Saramago deve é ler o Novo Testamento que lá tem material mais que suficiente para usar do seu direito à dissidência.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Dá que pensar