quarta-feira, 31 de março de 2010

Às vezes sorrio

Fez-me rir

Neste artigo do Tim Gowers apareceu uma das trocas mais engraçadas que li nestes últimos tempos:

porton Says:
March 28, 2010 at 4:36 pm | Reply

Field medalist Gowers, it is really simple indeed.

A direct proof “A1 => A2 => … => An” is equivalent to proof by contradiction “not An => not A(n-1) => … => not A1″.

What is more natural depends on what statements are more natural “Ai” or “not Ai”.

No philosophy.


Ao que Tim Gowers respondeu:
gowers Says:
March 28, 2010 at 4:39 pm

Er … thanks.


Nuff' said!

Curtis E. Lemay dixit

"They've got to draw in their horns and stop their aggression, or we're going to bomb them back into the stone age."

Notícia falsa da semana

Parece-me que alguém quer bombardear o Afeganistão para a idade da pedra e está a inventar motivos:

The article added about Karzai: “‘He has developed a complete theory of American power,’ said an Afghan who attended the lunch and who spoke on the condition of anonymity for fear of retribution. ‘He believes that America is trying to dominate the region, and that he is the only one who can stand up to them.’”

João César das Neves a mostrar que é uma mais valia no panorama das ideias em Portugal

Vejam bem a eloquência. O poder das comparações. A segurança das asserções. A simplicidade dos exemplos. A precisão histórica!

Celebramos de novo a Páscoa. É importante pensar porque razão, ao fim de 2000 anos, ainda existe tal multidão, um terço da população mundial, que celebra solenemente este acontecimento tão sangrento e grotesco: a morte infamante de um condenado à pena mais miserável, a crucificação.

Será pelas palavras sábias de Jesus, os seus ensinamentos sublimes, que geraram tantos discípulos? Será Cristo um mestre, um filósofo do amor? Não, não foi por isso. Outros pensadores, de Platão a Kant, também apresentaram doutrinas elaboradas.

Será pelo mito que se criou à volta do carpinteiro de Nazaré, gerando um culto e uma igreja? Será Cristo um carismático, um líder religioso? Também não tem nada ver com isso. Outras figuras, de Alexandre Magno a Karl Marx, tiveram discípulos mais empenhados.

Será por essa execução ser símbolo da opressão que permanece no mundo? Será Jesus um representante das vítimas da violência? Não, não é nada disso. Outros mártires, de Sócrates a Spartacus, também serviram de exemplo.

A razão da Páscoa é a imensa multidão que há 2000 anos vive quotidianamente com Cristo vivo e ressuscitado. Pela oração, meditação e contemplação, pelo seguimento concreto das Suas palavras, tantos ao longo dos séculos estiveram realmente todos os dias na presença de Cristo.

E aí encontraram uma felicidade sem par e sem medida. Não por deixarem de ter problemas, mas por partilharem com Ele e viverem n’Ele esses problemas. Por poderem dizer, cada vez que enfrentam nova dificuldade: «Primeira estação: Jesus é condenado à morte»
.

Sim bem sei que é só um op-ed e como tal o pobre do homem não pôde discorrer sobre tão nobre assunto da maneira que melhor lhe faria justiça, mas se era para escrever aquele textozinho, que eu tenho a certeza que está perfeitamente ao alcance de uma criança de oito anos, porque não ficou João César das neves calado.

Falar dos recentes escândalos da Igreja Católica é que não. Isso sim um atentado à família!

Enfim...

Assonância + aliteração + métrica curta + ritmo vivo + encavalgamento = eufonia

I'm just so fuckin' depressed I just can seem to get out this slump
If I could just get over this hump
But I need something to pull me out this dump I took my bruises, took my lumps
Fell down and I got right back up But I need that spark to get psyched back up
In order for me to pick the mic back up
I don't know how or why or when I ended up in this position I'm in
I'm starting to feel distant again
So I decided just to pick this pen
Up and try to make an attempt to vent
But I just can't admit Or come to grips, with the fact that I may be done with rap
I need a new outlet I know some shits so hard to swallow
And I just can't sit back and wallow
In my own sorrow
But I know one fact I'll be one tough act to follow
One tough act to follow I'll be one tough act to follow
Here today, gone tomorrow
But you have to walk a thousand miles


terça-feira, 30 de março de 2010

Será que o posso chamar de filho da puta?

Posso sim senhora!

Gostava de o ver dizer esta merda em Chelas em frente aos boçais dos pretos que se dedicam ao hip hop. A sério que gostava.

O sr. Rodrigues, ou sr. "Snake", escolheu o seu próprio estereótipo. O que a polícia fez depois terá sido injustificável, mas não totalmente imprevisível.

Para o John Gray

Falaram-me do livro e eu li-o. Se soubesse tinha era visto o documentário!





Agora tudo de uma vez





Está tudo óptimo no Afeganistão

Para ver

Está tudo bem no Afeganistão

Assim sim

Jornalismo do mais alto nível, da mais alta inteligência e soberba qualidade

Escrevi isto há algum tempo

Tem algumas gralhas e erros, mas na altura gostei. Reli-o e voltei a gostar. Leiam vocês também:

"O sol alongava-se no céu tardio. Um homem de aspecto distinto era seguido por um grupo de jovens. Fala e gesticula em tom de conclusão e dá por terminada a lição. Excepto um todos os jovens dispersam. Avança e interpela o homem:

- É a primeira lição sua que assisto e gostaria de melhor compreender as suas ideias sobre o que nos rodeia.

- Pois bem, jovem; fala e veremos o que poderei fazer. Se me for possível ajudar conte comigo; caso contrário desde já as minhas desculpas... para mim o que nos rodeia é um Cosmos. Algo racional que pode ser compreendido e explicado de forma racional. É um Cosmos hierarquizado em que cada ser procura realizar a sua natureza. É finito e centrado na terra...

- Mais porquê a terra? Porque não um outro astro qualquer?

- Porque é lógico que assim seja. Tudo no Cosmos procura realizar a sua natureza não se esqueça disto: ser-nos-á útil mais a frente. Qual a coisa mais distante que pode ver?

- As estrelas. Todas as noites lá estão elas a iluminar o seu nocturno...

- Você mesmo disse! ?todas as noites? e como sabe isso?

- Já desde os registos mais antigos onde são compiladas que nada nelas muda...

- Nada?! Tem a certeza? Pense lá bem.

- ...Tem razão. Nada excepto as posições que vão ocupando noite após noite. Movem-se como um todo de modo cíclico.

- Recapitulando: desde sempre que nós vemos as mesmas estrelas executando ciclicamente os mesmos padrões nos céus? ? o estudante anuiu. então o que será mais razoável inferir sobre onde elas se encontram? O que será tão perfeito que lhes permita estar lá desde sempre a movimentarem-se tão regularmente?

- Como já muitos o disseram, devem estar incrustadas numa superfície esférica... mas porque é essa a configuração geométrica mais perfeita?

- Em primeiro lugar porque todos os seus pontos estão a mesma distância do centro. Não tem começo ou fim, a sua ordem é a mesma do cosmos: é eterna.

- Mas porquê que é a terra o centro do Cosmos?...

- Paciência que já lá chegaremos... o Cosmos é hierarquizado. Mas qual será a sua hierarquia? Por acaso andaram misturados seres perfeitos com seres imperfeitos?

- É óbvio que não! - Há bocado disseste que as estrelas são eternas e inalteráveis. Não serão esses os atributos do que é perfeito? A nossa volta só há corrupção, geração, mudança... será isto perfeito? Não! O que podemos concluir sobre esses dois mundos?

- São radicalmente diferentes...

- Acharias então natural que mundos tão diferentes fossem compostos do mesmo modo?

- Não. De modo algum pode o que compõe o nosso mundo ser o que compõe as estrelas...

- Até agora só falamos das estrelas, mas nos céus também há os planetas. Também eles lá estão desde sempre com os mesmo movimentos cíclicos. Pelo que já foi dito também eles são perfeitos. Assim como as estrelas, também os planetas são organizados nas suas esferas celestes...

- Então se bem percebi, todas estas esferas são concêntricas.., e a Lua deverá ser a primeira delas; a que marca a diferença entre o nosso mundo e o mundo celeste..

- Isso mesmo! Da Lua em diante os corpos são compostos de um elemento especial que chamaremos de éter. Mas do que será composto o nosso mundo? Tal como Empédocles, eu digo que é composto por quatro elementos: terra, ar, fogo e água. Todos estes elementos estão agrupados nas suas esferas. A primeira é a esfera da terra, acima dela está a da água, mais acima está é do ar, e a última esfera do mundo a que chamaremos sub-lunar é a do fogo.

- Mas da maneira como descreve o mundo sub-lunar ele deveria ser estático...

- De facto deveria.., se não fosse perturbado. Mas o movimento dos corpos celestes faz com que o fogo desça até as outras esferas misturando os elementos. É dessas perturbações e misturas que nasce a mudança no nosso mundo. Agora vamos concluir que a Terra é esférica: quando ocorrem eclipses lunares a sombra que a Terra projecta sobre a Lua é sempre curva. Do alto duma montanha vê-se mais longe que do seu sopé. E para finalizar: o facto de vermos estrelas diferentes consoante a nossa localização. Tudo isso nos diz que a Terra é esférica.

- Sim... realmente basta saber um pouco de geometria para essa conclusão ser a necessária.

- Diga-me, como se comportará algo que é composto maioritariamente por terra quando for deixado por si só.

- Mover-se-á naturalmente para o centro da esfera da terra.

- Consoante a sua localização, o que ocorreria de diferente se largasse uma pedra?

- Nada de diferente ocorreria. A pedra cairia sempre na vertical.

- Ou seja: cairia sempre dirigida ao centro da Terra. Mas não disseste há bocado que algo composto maioritariamente por terra procuraria, quando deixado por si só, ir ao encontro do centro da esfera da terra? - O estudante anuiu.- Então o que concluis?

- ...Que os dois centros coincidem. Ou por outras palavras que o centro da Terra é o centro do Cosmos!!

- Bravo! Mas podemos também concluir que forçosamente a Terra está em repouso. Caso a Terra se movesse as nuvens, as pedras, ficariam para trás ocupando os seus lugares nas suas esferas. Como não vemos tal a acontecer. a Terra não se move. Chamaremos a esse movimento vertical que referiste o movimento natural no mundo sub-lunar. No mundo supralunar o movimento natural ou é circular ou é o resultado da composição de movimentos circulares. Aos movimentos que não são naturais chamaremos violentos. Estes últimos só ocorrem no mundo sub-lunar e necessitam de um motor.

- Tem razão! Basta olhar para o nosso mundo para ver que o movimento de todas as coisas quando deixadas por si sós é vertical: pedras que caem, a chuva quando cai das nuvens, o fogo a ascender duma fogueira... Mas haverá algum tipo de lei que rega este movimento?

- Tudo o que temos de fazer é raciocinar. Imaginemos dois corpos suspensos duma mesma altura, mas tendo pesos diferentes. O mais pesado tem um maior desejo a dirigir-se para o centro da Terra, como tal quando embater no solo, fá-lo-á com maior velocidade. Pensemos agora neste mesmo corpo a ser largado na água da mesma altura. Como a água é mais densa opõe uma maior resistência ao movimento e assim o corpo chegará ao fim do trajecto com uma velocidade menor.

- Ou seja: a velocidade de um corpo, quando se move naturalmente, é directamente proporcional ao peso do corpo e inversamente proporcional à resistência do meio.

- Bravo!! É isso mesmo!! Ou dito de modo equivalente: um corpo mais pesado largado da mesma altura que um mais leve chegará ao solo primeiro. E quanto mais resistente for o meio mais tempo levará o corpo a percorrer o trajecto.

- Então, mestre, é aqui que a Matemática entra nas suas explicações?

- Não!! A Matemática não entra nas minhas explicações. Só a lógica o faz. A Matemática trata das formas puras. e nosso mundo a forma aparece sempre associada a matéria. Esta como já vimos é impura. Se queremos conhecer o que nos rodeia não será a matematizar. Mas sim observando e usando a Razão. O que temos nós no mundo das formas que impeça a existência do vazio? Nada!! E no entanto no nosso mundo ele é absurdo. Qual seria a velocidade de um corpo no vazio?

- O vazio, a existir, não oporia qualquer resistência ao movimento... Então a velocidade de um corpo seria infinita... Tal conceito é repugnante...

- O vazio não existe. O espaço está sempre associado a matéria. Quando um finda também finda o outro...

- Ah!! E por isso o Cosmos é finito! A matéria finda na estrela das fixas; então para lá dela não há espaço! Não faz sequer sentido em falar para lá dela!!

- É isso mesmo! Infelizmente a conversa terá que ficar por aqui. É tarde e tenho muito há fazer. Adeus! Até a próxima!

- Adeus mestre e obrigado!

A Lua vogava pelo céu estrelado. O aluno contemplava o céu maravilhado; não pelo espectáculo em si, mas porque sentia que começava agora a compreendê-lo."

Ouvi no outro dia

"Ele só não é mais independente porque não quer."

Self-service much?

"Atheists have always been at the forefront of rational thinking and beacons of enlightenment..."

segunda-feira, 29 de março de 2010

Nada como a Disney e os seus desenhos animados para crianças para nos ensinar uma coisa ou outra

domingo, 28 de março de 2010

Insónias

Não durmo.

Televisão.

Zapping.

Canal 1 - Filme sobre Sophie Scholl! Porque raios passa um filme sobre uma personagem tão importante do século XX a estas horas? Não faço mesmo a mínima ideia do porquê...

TVI - Filme interessante com o John Cusack.

Desligar a Tv.

Ligar pc.

Escrever no blog.

Desligar pc.

Tentar dormir.

Malalai Joya dixit

"Never again will I whisper in the shadows of intimidation. I am but a symbol of my people's struggle and a servant to their cause. And if I were to be killed for what I believe in, then let my blood be the beacon for emancipation and my words a revolutionary paradigm for generations to come."

sábado, 27 de março de 2010

Os costumes

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No meio, uma escada e sobre ela um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para pegar as bananas, os cientistas atiravam um jacto de água fria sobre os que estavam no chão.

Depois de certo tempo, quando um macaco subia a escada, os outros o pegavam e enchiam de pancada. Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.
Então, os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada.
Um segundo foi substituído e o mesmo o correu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato. Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto, e afinal, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca tendo tomado banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas.

Se possível fosse perguntar a algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria:

"- Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui."

Soube disto agora mesmo

"A Editorial Prometeu de Emídio César de Queiroz Lopes, sediada no Estoril, para além de uma muito interessante e útil maleta pedagógica para iniciar as crianças na aritmética, editou e vende apenas três livros. Mas que livros! São três obras maiores da história da ciência, que, graças ao esforço do tradutor-editor, ficaram à nossa disposição em língua portuguesa:

- René Descartes, Geometria, 2001
- Isaac Newton, Método das Fluxões, 2004
- Christian Huyghens, Tratado da Luz, 2007"

Daqui.

Mea Culpa

Ao contrário do que aqui ficou implícito não é nada a primeira vez que se publica a obra Sidereus Nuncius em português. Em 1987 foi publicada no Brasil o livro "A Mensagem das Estrelas" que é precisamente a primeira tradução da obra de Galileu para português.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Pela primeira vez

Pela n-ésima vez

quinta-feira, 25 de março de 2010

Healthcare

A campanha do PSD não galvanizou o país

E isso é mau?

Eleições no PSD

Totalmente irrelevantes e sem interesse nenhum. Que xaropada!

O PEC é um bom sinal que Portugal dá às instituições de crédito internacionais

E digo-o sem qualquer ponta de ironia. O PEC de facto é um bom sinal que Portugal dá às intuições de crédito internacionais. Pena é ser um péssimo sinal que Portugal dá aos portugueses.

Porquê

quarta-feira, 24 de março de 2010

...

Cambodja

O país mais bombardeado na história do mundo:



A única verdade que o Kissinger deve ter dito na sua vida: na verdade o bombardeamento em Cambodja começou com o LBJ e depois foi grandemente exacerbado pela administração Nixon (com o planeamento de Kissinger).

Quase 3 milhões de toneladas largadas num país neutro. Desses três milhões de toneladas dez por cento eram largadas indiscriminadamente. Uma boa parte eram largadas conscientemente em alvos civis. E outra parte largada em bases que se diziam albergar os perigosos comunistas do Vietnam.



Durante esta campanha de bombardeamento um partido que até então era bem marginal, começou a ganhar um enorme apoio popular. Segundo as palavras de militantes do Khmer Rouge os aldeões literalmente defecavam nas suas calças ao ouvir os aviões americanos e as suas bombas a aproximarem-se. Pais que viam filhos a morrer. Filhos que viam avós a morrer, pais a morrer. Avós que viam netos a morrer. Pessoas que viam amigos a morrer. Todas estas pessoas necessitavam de alguém em quem se apoiar. O Khmer Rouge e a sua retórica nacionalista, revolucionária e anti-imperialista ganhava simpatia.

Um país em ruínas. Um governo de loucos. E foi nisto que deu:



Após quatro anos de domínio do Khmer Rouge, em que vários milhões de cambojanos morreram, o exército do Vietnam "invadiu" o país e acabou com a segunda parte de um genocídio que estava a flagelar um país já imensamente devastado no seu passado.

Claro que após todo este período de terror o chamado mundo Ocidental fez o que qualquer pessoa minimamente racional esperaria: o mundo Ocidental apoiou logistica, diplomatica, economica, e militarmente as pessoas ligadas ao Khmer Rouge.

Laos

O segundo país mais bombardeado no mundo. Mais bombardeado que todos os países juntos na Segunda Guerra Mundial. O seu crime: a busca de independência e auto-determinação.







O que de melhor conheço

Freedom only for the supporters of the government, only for the members of a party – however numerous they may be – is no freedom at all. Freedom is always the freedom of the dissenter. Not because of the fanaticism of "justice", but rather because all that is instructive, wholesome, and purifying in political freedom depends on this essential characteristic, and its effects cease to work when "freedom" becomes a privilege.

Rosa Luxemburg.

Um problema de linguagem







Esta última é linda!

Meta

Isto que isto estou para aqui a escrever serve como introdução para o seguinte vídeo:

terça-feira, 23 de março de 2010

Do Ralph Nader

On July 10, 1996, at a Joint Session of the United States Congress, Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu received a standing ovation for these words: “With America’s help, Israel has grown to be a powerful, modern state. …But I believe there can be no greater tribute to America’s long-standing economic aid to Israel than for us to be able to say: we are going to achieve economic independence. We are going to do it. In the next four years, we will begin the long-term process of gradually reducing the level of your generous economic assistance to Israel.”

Since 1996, the American taxpayers are still sending Israel $3 billion a year and providing assorted loan guarantees, waivers, rich technology transfers and other indirect assistance. Before George W. Bush left office a memorandum of understanding between the U.S. and Israel stipulated an assistance package of $30 billion over the next ten years to be transferred in a lump sum at the beginning of every fiscal year. Israel’s wars and colonies still receive U.S. taxpayer monies.

What happened to Mr. Netanyahu’s solemn pledge to the Congress? The short answer is that Congress never called in the pledge.

In the intervening years, Israel has become an economic, technological and military juggernaut. Its GDP is larger than Egypt’s even though Israel’s population is less than one tenth that of the Arab world’s most populous nation. The second largest number of listings on America’s NASDAQ Exchange after U.S. companies are from Israel, exceeding listings of Japan, Korea, China and India combined. Its venture capital investments exceed those in the U.S., Europe and China on a per capita basis.

Israel is arguably the fifth most powerful military force in the world, and Israel’s claims on the U.S.’s latest weapon systems and research/development breakthroughs are unsurpassed. This combination has helped to make Israel a major arms exporter.

The Israeli “economic miracle” and technological innovations have spawned articles and a best-selling book in recent months. The country’s average GDP growth rate has exceeded the average rate of most western countries over the past five years. Israel provides universal health insurance, unlike the situation in the U.S., which raises the question of who should be aiding whom?

Keep in mind, the U.S. economy is mired in a recession, with large rates of growing poverty, unemployment, consumer debt and state and federal deficits. In some states, public schools are shutting, public health services are being slashed, and universities are increasing tuition while also cutting programs. Even state government buildings are being sold off.

Under U.S. law, military sales to Israel cannot be used for offensive purposes, only for “legitimate self-defense.” Nonetheless, there have been numerous violations of the Arms Export Control Act by Israel. Even the indifferent State Department has found, from time to time, that munitions such as cluster bombs were “likely violations.”

Violations would lead to a cut-off in aid but with the completely pro-Israel climate in Washington, the White House has never allowed such findings to be definitive.

The same indifference applies to violations of the U.S. Foreign Assistance Act that prohibits aid to countries engaging in consistent international human rights violations. These include the occupation, colonization, blockades and military assaults on civilians in the Palestinian West Bank and Gaza, regularly documented by the highly regarded Israeli human rights group B’Tselem as well as by Amnesty International and Human Rights Watch.

This week, Prime Minister Netanyahu visits President Barack Obama after the recent Israeli announcement of 1,600 new housing units in East Jerusalem made while Vice President Joe Biden was visiting that country.

The affront infuriated New York Times columnist, Tom Friedman, who wrote that Mr. Biden should have packed his bags and flown away leaving behind a scribbled note saying “You think you can embarrass your only true ally in the world, to satisfy some domestic political need, with no consequences? You have lost total contact with reality.”

Friedman, a former Times Middle East correspondent, concluded his rebuke by writing: “Palestinian leaders Mahmoud Abbas and Salam Fayyad are as genuine and serious about working toward a solution as any Israel can hope to find.”

But until a few days ago, the U.S. government had no levers over the Israeli government. Cutting off aid isn’t even whispered in the halls of Congress. Raising the issue would further galvanize Israel’s allies, including AIPAC.

The only lever left for the U.S. suddenly erupted into the public media a few days ago. General David Petraeus told the Senate that resolving the Israeli-Palestinian conflict has foreign policy and national security ramifications for the United States.

He said that “The conflict foments anti-American sentiment, due to a perception of U.S. favoritism for Israel. Arab anger over the Palestinian question limits the strength and depth of U.S. partnerships with governments and peoples in the Area of Responsibility…Meanwhile, Al-Qaeda and other military groups exploit that anger to mobilize support.”

A few days earlier, Vice President Joe Biden told Prime Minister Netanyahu in Israel that “what you’re doing here undermines the security of our troops who are fighting in Iraq, Afghanistan and Pakistan.”

What Obama’s people are publically starting to say is that regional peace is about U.S. vital interests in that large part of the Middle East and, ultimately, the safety of American soldiers and personnel.

As one retired diplomat commented “This could be a game-changer.”

Resposta ao "Money as Debt"

Está em inglês para quem quiser ver.

segunda-feira, 22 de março de 2010

General Smedley Butler dixit

"I spent thirty-three years in the Marines, most of my time being a high class muscle man for Big Business, for Wall Street and the bankers. In short, I was a racketeer for capitalism.
I helped purify Nicaragua for the international banking house of Brown Brothers in 1910-1912. I helped make Mexico and especially Tampico safe for American oil interests in 1914. I brought light to the Dominican Republic for American sugar interests in 1916. I helped make Haiti and Cuba a decent place for the National City boys to collect revenue in. I helped in the rape of half a dozen Central American republics for the benefit of Wall Street. In China in 1927 l helped to see to it that Standard Oil went its way unmolested.
I had a swell racket. l was rewarded with honors, medals, promotions. l might have given Al Capone a few hints. The best he could do was to operate a racket in three city districts. The Marines operated on three continents."

!!!




























???





domingo, 21 de março de 2010

Alguém me explica o fio condutor desta "notícia"

Filmes Em Terra Fria (foto grande), de Niki Caro (2005), baseado num situação real, Charlize Theron interpreta uma mineira do Minnesota que em 1984 ganhou, em tribunal, um caso histórico de assédio sexual. Em Assédio (em cima, 1984), de Barry Levinson, baseado no livro de Michael Crichton, Michael Douglas é assediado por uma antiga amante (Demi Moore), agora sua superior. Em Norma Rae, de Martin Ritt (em baixo, 1979), Sally Field é uma operária têxtil que ajuda a formar um sindicato contra a discriminação e o assédio.

Gostei do fim



Mas no geral o filme falha em muitos aspectos.

Estamos contigo

Pensa bem então em todos os elementos
Porque nem todos são cabrões sem sentimentos.
Pessoas são pessoas:
Há más e há boas.



Para ver



Seguir o resto no youtube.

Eu lembro-me

Rapariga anarquista

Não sei se é mesmo anarquista, mas sei que gostei:

...

Foi escrito para o Bush

Mas quero aqui dedicar ao Socras:

Mais ridículo que o Socras

Só mesmo o Bento XVI. E bastante mais grave.

Nada a que já não estejamos habituados dos lados do Vaticano.

Ler se faz favor

Ao meu lado cortavam o cabelo ao senhor que corta a agua a quem não paga. E ele confidenciou-nos que só neste mês de Março já ia em mais de 480 cortes em não pagamentos e ligações ilegais.

Não se poder neutro num comboio em movimento

















Sobre as novas declarações do Socras II

Ridículo:

Substantivo -
1. indivíduo ridículo
2. o que há de ridículo em alguém ou em alguma coisa

Adjetivo -
1. digno de riso, de escárnio
2. de pouco valor; insignificante

Sobre as novas declarações do Socras

sábado, 20 de março de 2010

O apresentador não faz a mínima ideia do que está a dizer





Bunker Busters em Diego Garcia

A ilha de Diego Garcia recebeu há poucos dias novas visitas. Segundo parece Obama mandou transferir para lá Bunker Busters como mostra de alguma coisa. Resta saber se se seguirá um bombardeamento do Irão ou se é apensa para fazer cara de mau.

Para além disso resta ainda referir, porque penso que a maior parte dos leitores não deverá saber, como é que a ilha de Diego Garcia foi parar as mãos do Exército dos EUA: em 1971 o Reino Unido decidiu ceder a ilha ao Governo Norte Americano para a utilizar como base militar. Claro que os milhares de pessoas que lá habitavam não interessavam para nada. Segundo as palavras utilizadas na altura a "ilha devia ser desinfectada".

Anos após a remoção forçada dos Chagossianos, que nunca receberam nenhum tipo de compensação real, iniciou-se uma batalha legal pelo o seu direito a voltar à Terra que era deles. Mas as duas super-potências mundiais utilizaram de todos os truques e mais alguns para que tal não sucedesse. Desde dizer que na ilha não existiam indígenas apenas trabalhadores sazonais, a éditos reais tudo valeu.

Hoje em dia, uma boa parte dos cerca de 2000 chagossianos que tiveram que abandonar a ilha cometeu suicídio e outros vivem na mais pura das misérias.

Assim vai o mundo.

Quanto mais conheço as pessoas mais gosto do meu cão

A qualidade de imagem é péssima, mas a qualidade troca de ideias é excelente!

Que tareia

First, Mr. Perle pointed out that the Soviet Union and the United States were internally very different societies. I absolutely agree, and anybody who can think their way out of a paper bag will notice that that has no relation ever to my comment that in every state you look at, whether it is the Soviet Union or the United States or anyone else, you will find official pieties, and you will find a historical and documentary record, and they will not have anything to do with each other.

Aqui.

Quem quiser seguir o áudio pode fazê-lo ao longo desta série:

Tenho mesmo que dizer isto

O Socras que vá se foder! O Socras que vá se foder para bem longe daqui e que fique por lá, todo fodido, por muito tempo.

Já é muito o desrespeito, o gozo, o desprezo.

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim…
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,

E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Hiemal



Baladas de uma outra terra, aliadas
Às saudades das fadas, amadas por gnomos idos,
Retinem lívidas ainda aos ouvidos

Dos luares das altas noites aladas…
Pelos canais barcas erradas
Segredam-se rumos descridos…

E tresloucadas ou casadas com o som das baladas,
As fadas são belas, e as estrelas
São delas… Ei-las alheadas…

E são fumos os rumos das barcas sonhadas,
Nos canais fatais iguais de erradas,
As barcas parcas das fadas,
Das fadas aladas e hiemais
E caladas…

Toadas afastadas, irreais, de baladas…
Ais…

Visão de um brasileiro sobre o Haiti

A noite de ontem foi a coisa mais extraordinária de minha vida. Deitado do lado de fora da casa onde estamos hospedados, ao som das cantorias religiosas que tomaram lugar nas ruas ao redor e banhado por um estrelado e maravilhoso céu caribenho, imagens iam e vinham. No entanto, não escrevo este pequeno texto para alimentar a avidez sádica de um mundo já farto de imagens de sofrimento.

O que presenciamos ontem no Haiti foi muito mais do que um forte terremoto. Foi a destruição do centro de um país sempre renegado pelo mundo. Foi o resultado de intervenções, massacres e ocupações que sempre tentaram calar a primeira república negra do mundo. Os haitianos pagam diariamente por esta ousadia.

O que o Brasil e a ONU fizeram em seis anos de ocupação no Haiti? As casas feitas de areia, a falta de hospitais, a falta de escolas, o lixo. Alguns desses problemas foram resolvidos com a presença de milhares de militares de todo mundo?

LABORATÓRIO CONTRA REBELIÕES NAS FAVELAS

A ONU gasta 500 milhões de dólares por ano para fazer do Haiti um teste de guerra. Ontem pela manhã estivemos no BRABATT, o principal Batalhão Brasileiro da Minustah (United Nations Stabilization Mission in Haiti). Quando questionado sobre o interesse militar brasileiro na ocupação haitiana, o coronel Bernardes não titubeou: o Haiti, sem dúvida, serve de laboratório (exatamente, laboratório) para os militares brasileiros conterem as rebeliões nas favelas cariocas. Infelizmente isto é o melhor que podemos fazer a este país.

Hoje, dia 13 de janeiro, o povo haitiano está se perguntando mais do que nunca: onde está a Minustah quando precisamos dela?

Posso responder a esta pergunta: a Minustah está removendo os escombros dos hotéis de luxo onde se hospedavam ricos hóspedes estrangeiros.

Longe de mim ser contra qualquer medida nesse sentido, mesmo porque, por sermos estrangeiros e brancos, também poderíamos necessitar de qualquer apoio que pudesse vir da Minustah.

A realidade, no entanto, já nos mostra o desfecho dessa tragédia – o povo haitiano será o último a ser atendido, e se possível. O que vimos pela cidade hoje e o que ouvimos dos haitianos é: estamos abandonados.

A polícia haitiana, frágil e pequena, já está cumprindo muito bem seu papel – resguardar supermercados destruídos de uma população pobre e faminta. Como de praxe, colocando a propriedade na frente da humanidade.

Me incomoda a ânsia por tragédias da mídia brasileira e internacional. Acho louvável a postura de nossa fotógrafa de não sair às ruas de Porto Príncipe para fotografar coisas destruídas e pessoas mortas. Acredito que nenhum de nós gostaria de compartilhar, um pouco que seja, o que passamos ontem.

Infelizmente precisamos de mais uma calamidade para notarmos a existência do Haiti. Para nós, que estamos aqui, a ligação com esse povo e esse país será agora ainda mais difícil de ser quebrada.

Espero que todos os que estão acompanhando o desenrolar desta tragédia também se atentem, antes tarde do que nunca, para este pequeno povo nesta pequena metade de ilha que deu a luz a uma criatividade, uma vontade de viver e uma luta tão invejáveis.
13/Janeiro/2010

Mais textos neste blog.

sexta-feira, 19 de março de 2010

De quando em vez leio este homem...

... e isso só serve para me irritar:

A feature of the anarchist faith was the conviction that only the machinations of sinister forces stand in the way of an earthly paradise. The forces were real enough, but the anarchists never asked themselves how it was that the mass of humankind could be so easily misled. Could it be that most human beings do not want to live in a world without rulers? Might it even be that they prefer the flawed actuality? For those - and there are many - who still think like Butterworth's dreamers and schemers, these are forbidden questions, leading into a wilderness more frighteningly impenetrable than any hall of mirrors built by spymasters.

Mas será que esse homem não sabe debater posições que de facto tenham defensores. Fica-lhe muito mal estar constantemente a atacar posições fantasma que ninguém defende. Muito mal mesmo.

Aqui na íntegra.

John Pilger

Tenho orgulho em dizer que não vi nenhum dos tristes filmes citados neste texto do John Pilger.

"Why are so many films so bad? This year’s Oscar nominations are a parade of propaganda, stereotypes and downright dishonesty. The dominant theme is as old as Hollywood: America’s divine right to invade other societies, steal their history and occupy our memory. When will directors and writers behave like artists and not pimps for a world view devoted to control and destruction?

I grew up on the movie myth of the Wild West, which was harmless enough unless you happened to be a native American. The formula is unchanged. Self-regarding distortions present the nobility of the American colonial aggressor as a cover for massacre, from the Philippines to Iraq. I only fully understood the power of the con when I was sent to Vietnam as a war reporter. The Vietnamese were “gooks” and “Indians” whose industrial murder was preordained in John Wayne movies and sent back to Hollywood to glamourise or redeem.

I use the word murder advisedly, because what Hollywood does brilliantly is suppress the truth about America’s assaults. These are not wars, but the export of a gun-addicted, homicidal “culture”. And when the notion of psychopaths as heroes wears thin, the bloodbath becomes an “American tragedy” with a soundtrack of pure angst.

Kathryn Bigelow’s The Hurt Locker is in this tradition. A favourite for multiple Oscars, her film is “better than any documentary I’ve seen on the Iraq war. It’s so real it’s scary” (Paul Chambers CNN). Peter Bradshaw in the Guardian reckons it has “unpretentious clarity” and is “about the long and painful endgame in Iraq” that “says more about the agony and wrong and tragedy of war than all those earnest well-meaning movies”.

What nonsense. Her film offers a vicarious thrill via yet another standard-issue psychopath high on violence in somebody else’s country where the deaths of a million people are consigned to cinematic oblivion. The hype around Bigelow is that she may be the first female director to win an Oscar. How insulting that a woman is celebrated for a typically violent all-male war movie.

The accolades echo those for The Deer Hunter (1978) which critics acclaimed as “the film that could purge a nation’s guilt!” The Deer Hunter lauded those who had caused the deaths of more than three million Vietnamese while reducing those who resisted to barbaric commie stick figures. In 2001, Ridley Scott’s Black Hawk Down provided a similar, if less subtle catharsis for another American “noble failure” in Somalia while airbrushing the heroes’ massacre of up to 10,000 Somalis.

By contrast, the fate of an admirable American war film, Redacted, is instructive. Made in 2007 by Brian De Palma, the film is based on the true story of the gang rape of an Iraqi teenager and the murder of her family by American soldiers. There is no heroism, no purgative. The murderers are murderers, and the complicity of Hollywood and the media in the epic crime in Iraq is described ingeniously by De Palma. The film ends with a series of photographs of Iraqi civilians who were killed. When it was ordered that their faces be ordered blacked out “for legal reasons”, De Palma said, “I think that’s terrible because now we have not even given the dignity of faces to this suffering people. The great irony about Redacted is that it was redacted.” After a limited release in the US, this fine film all but vanished.

Non-American (or non-western) humanity is not deemed to have box office appeal, dead or alive. They are the “other” who are allowed, at best, to be saved by “us”. In Avatar, James Cameron’s vast and violent money-printer, 3-D noble savages known as the Na’vi need a good guy American soldier, Sergeant Jake Sully, to save them. This confirms they are “good”. Natch.

My Oscar for the worst of the current nominees goes to Invictus, Clint Eastwood’s unctuous insult to the struggle against apartheid in South Africa. Taken from a hagiography of Nelson Mandela by a British journalist, John Carlin, the film might have been a product of apartheid propaganda. In promoting the racist, thuggish rugby culture as a panacea of the “rainbow nation”, Eastwood gives barely a hint that many black South Africans were deeply embarrassed and hurt by Mandela’s embrace of the hated Springbok symbol of their suffering. He airbrushes white violence – but not black violence, which is ever present as a threat. As for the Boer racists, they have hearts of gold, because “we didn’t really know”. The subliminal theme is all too familiar: colonialism deserves forgiveness and accommodation, never justice.

At first I thought Invictus, could not be taken seriously, then I looked around the cinema at young people and others for whom the horrors of apartheid have no reference, and I understood the damage such a slick travesty does to our memory and its moral lessons. Imagine Eastwood making a happy-Sambo equivalent in the American Deep South. He would not dare.

The film most nominated for an Oscar and promoted by the critics is Up in the Air, which has George Clooney as a man who travels America sacking people and collecting frequent flyer points. Before the triteness dissolves into sentimentality, every stereotype is summoned, especially of women. There is a bitch, a saint and a cheat. However, this is “a movie for our times”, says the director Jason Reitman, who boasts having cast real sacked people. “We interviewed them about what it was like to lose their job in this economy,” said he, “then we’d fire them on camera and ask them to respond the way they did when they lost their job. It was an incredible experience to watch these non-actors with 100 per cent realism.”

Wow, what a winner."

Às vezes

Às vezes passo pelos dias.
Às vezes os dias passam por mim.

Entrevista do Obama na Fox



Omnia Mutantur

Money as Debt II: Promises Unleashed

Money As Debt II - Promises Unleashed from Vega Angkor on Vimeo.

Money as Debt

Zeitgeist: Addendum

Zeitgeist, The Movie

Suns of God

quarta-feira, 17 de março de 2010

Galileu em português

Sidereus Nuncius foi publicado em 1610 tendo como autor Galileo Galilei e tornou-se um dos muitos vislumbres do Universo novo que estava por vir. Nesse pequeno livro Galileo relata os frutos das suas observações dos Céus ao utilizar uma luneta: Galileo observa a Lua e vê que ela não é uma esfera perfeira como até então se supunha. Galileo vê muitas mais estrelas que as que foram catalogadas. E relata também a descoberta de quatro corpos celestes nas proximidades de Júpiter.

A importância de todas estas observações é que ajudaram a minar os pressupostos e conclusões do edifício da Física Aristotélica e tornaram ainda mais prementes as necessidades de uma nova Física que pudesse explicar o novo Universo que estava para vir.

Agora, com a tradução de Henrique Leitão, poderemos ter o prazer de ler esta pequena pérola em português.

A história única

Sei bem do que ela fala...

terça-feira, 16 de março de 2010

Ralph Nader na questão dos dois partidos

Entrevista

Não se ouvem as pessoas a gritar

Zinn dixit

You Can't Be Neutral on a Moving Train.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Socras o racional

Orwell II

" "Política e a Língua Inglesa" (1945) é um dos mais importantes, conhecidos e estudados ensaios de Orwell, e apresenta com mestria as conexões entre a linguagem obscura e a manipulação política. Esta sensibilidade à manipulação do pensamento por via da linguagem está presente tanto em A Quinta dos Animais como em Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, que introduziu o termo newspeak, que entrou já para os dicionários de língua inglesa. Não se trata apenas de dizer o óbvio: que a linguagem tanto serve para dizer a verdade como para mentir. O que Orwell sublinha é o modo como se mente e manipula com linguagem falsamente sofisticada, e o modo como o próprio autor pode estar a ser manipulado pela linguagem que usa, sem se dar conta disso.
...

Nos ensaios "Verdade Histórica" e "Linguagem Religiosa" (ambos de 1944), o tema da manipulação linguística é aplicado a dois casos particulares. No primeiro, trata-se de manipular a verdade histórica para conseguir fins políticos. No segundo, trata-se de manipular a expressão do pensamento para ocultar de nós mesmos a falência do pensamento religioso."

Aqui.

Orwell

As I write, highly civilized human beings are flying overhead, trying to kill me.

They do not feel any enmity against me as an individual, nor I against them. They are "only doing their duty", as the saying goes. Most of them, I have no doubt, are kind-hearted law-abiding men who would never dream of committing murder in private life. On the other hand, if one of them succeeds in blowing me to pieces with a well-placed bomb, he will never sleep any the worse for it. He is serving his country, which has the power to absolve him from evil.

Aqui.

A série toda está aqui.

domingo, 14 de março de 2010

É mesmo

Em terceiro lugar, defender a tolerância de culturas alheias com base no relativismo cultural denuncia uma enorme incompreensão do conceito de tolerância. Uma pessoa não pode exercer qualquer tolerância quanto a um estilo de vida alheio se não puder condenar esse estilo de vida. Se não podemos condenar um dado estilo de vida, não podemos tolerá-lo — aceitamo-lo como bom, ou indiferente. A tolerância consiste em defender que um dado estilo de vida é condenável, por ser tolo ou por outra razão qualquer, mas que as pessoas têm o direito a viver desse modo desde que não prejudiquem ninguém.

O Desidério a dar-lhe!

Muitas pessoas defendem que devemos respeitar as culturas alheias, e consideram que no passado os europeus e outros povos cometeram o erro moral de não respeitar as culturas alheias, impondo à força os seus padrões e classificando as culturas alheias como selvagens ou primitivas ou incivilizadas. E essas pessoas pensam que para defender este respeito pelas culturas alheias temos de defender o relativismo cultural — mas isto é uma confusão.

Em primeiro lugar, a ideia é incoerente, porque defende um valor ético universal (o respeito pelas culturas alheias) com base na premissa de que todos os valores éticos são relativos à cultura.

Desidério é o maior!!!

A negação do relativismo cultural é compatível com a aceitação do contextualismo moral.

Claro como água

Usarei os termos “ética” e “moral” como sinónimos, até porque o segundo tem origem num termo latino que é a tradução do termo grego que é a origem do primeiro.

A ética não é um mero conjunto mais ou menos arbitrário de códigos de conduta; entre outras coisas, é o estudo cuidadoso das razões a favor ou contra a nossa conduta. Isto significa que em ética se dá muita importância à argumentação: queremos saber que razões há para agir ou não agir de determinada maneira, por exemplo.

Aqui.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Conversations with History: Robert Jay Lifton

quarta-feira, 10 de março de 2010

Dentro do mal

Quinze segundos

Pessoas que só aprendem depois de passarem pela experiência

Ou: Porque é que ter opiniões a priori sobre experiências que nunca tivemos nem sempre é uma boa ideia

Ou: Não fales do que não sabes.


 




Ps: O aparente contra-senso  não é um contra-senso.

terça-feira, 9 de março de 2010

Nos portões da Eternidade

A Psalm of Life


TELL me not, in mournful numbers,
        Life is but an empty dream ! —
    For the soul is dead that slumbers,
        And things are not what they seem.

    Life is real !   Life is earnest!
        And the grave is not its goal ;
    Dust thou art, to dust returnest,
        Was not spoken of the soul.

    Not enjoyment, and not sorrow,
        Is our destined end or way ;
    But to act, that each to-morrow
        Find us farther than to-day.

    Art is long, and Time is fleeting,
        And our hearts, though stout and brave,
    Still, like muffled drums, are beating
        Funeral marches to the grave.

    In the world's broad field of battle,
        In the bivouac of Life,
    Be not like dumb, driven cattle !
        Be a hero in the strife !

    Trust no Future, howe'er pleasant !
        Let the dead Past bury its dead !
    Act,— act in the living Present !
        Heart within, and God o'erhead !

    Lives of great men all remind us
        We can make our lives sublime,
    And, departing, leave behind us
        Footprints on the sands of time ;

    Footprints, that perhaps another,
        Sailing o'er life's solemn main,
    A forlorn and shipwrecked brother,
        Seeing, shall take heart again.

    Let us, then, be up and doing,
        With a heart for any fate ;
    Still achieving, still pursuing,
        Learn to labor and to wait.